Prender o outro também é se prender

Prender o outro também é se prender
07 nov 2020

Por vezes, ocorre em uma relação o aprisionamento daquilo que não é papável, ou seja, o lado emocional de cada um. Normalmente, é confundida a vida a dois com a necessidade de duas pessoas serem uma só, entretanto, um relacionamento ainda que seja ser plural, também é ser singular.

O primeiro aspecto que faz com que um vínculo entre os parceiros seja saudável, é que estejam completos individualmente. A ausência desta completude faz com que a demanda de afeto seja maior do que a relação possa suprir, pois é impossível oferecer um sentimento ao outro sem antes tê-lo em si mesmo.

Esperar que o parceiro (a) dê conta da dependência emocional do outro por si, torna o casal aprisionado e sem a capacidade de agregarem-se saudavelmente, pois para que isto aconteça, o respeito e amor próprio devem vir antes da carência do afeto do outro.

Em relações em que a outra pessoa é vista como “um complemento de si” e não como “outro”, (um ser separado e autônomo) ambos perdem-se no que são. Isto acontece quando busca-se avidamente no outro o que falta em si. Assim, resumir a própria vida no outro, é uma forma de promover um aprisionamento genuíno, que torna impraticável a relação.

O relacionamento traz a necessidade de garantir que os parceiros sejam livres, mesmo estando juntos. Para isto, devem estar íntegros e com a capacidade de ficarem bem sozinhos, quando necessário.
É importante lembrar que para estarem juntos, as individualidades devem estar preservadas, afinal cada um carrega consigo uma história particular, que existia antes da chegada do outro e que existe no presente, paralela à relação.
O reconhecimento e respeito às individualidades é que garantirá a satisfação de ambos e a gratificação da relação.

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Ana Carolina Morici
Ana Carolina Morici

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