O luto pela perda gestacional na relação
27 ago 2022
Perder um bebê quando ele ainda está o ventre da mãe, pode ser avassalador para o casal. Comumente, os cônjuges apresentam muita dificuldade em lidar com esta situação e não compreendem que se trata de um luto. A pergunta que os ronda é “se o bebê ainda não tinha nem nascido, por que dói tanto?”
Nesse caso, o que acontece é que ambos os parceiros já tinham criado expectativas sobre aquele filho, sobre como ele seria, bem como seu desenvolvimento e sua vida. Em muitos casos, o quartinho já estava pronto, e o nome escolhido. Portanto, é fundamental validar a importância do momento e vivenciar o sentimento.
Às vezes, um dos cônjuges sente mais, ao passo que o outro consegue elaborar mais rapidamente a perda.
Neste caso, como lidar com o outro?
É fundamental perceber que cada um tem seu processo individual de luto, que vai ser atravessado de maneira particular. Sendo assim, é necessário compreender o parceiro e buscar não rebaixar a forma com que ele está lidando com tudo. Mas se acaso este luto se prolongar por mais de um ano, seria aconselhável buscar uma ajuda psicoterápica.
No entanto, se o casal ainda mantém a vontade de ter um filho, quando tentar de novo?
A chave para descobrir o momento certo, é o diálogo. Buscar ouvir o outro e entender como tem sido para ele, e como ele se sente com a possibilidade de um novo filho chegar. Além disso, ambos precisam estar prontos e enquanto um dos dois ainda não estiver, vale incentivá-lo, porém de maneira saudável.
Mesmo que o bebê não tenha chegado a nascer, é significativo separar um espaço para ele na vida de ambos, dizer seu nome e lembrar sempre do amor que sentiram por ele.
Mas o importante é não lidar com o próximo bebê que vierem a ter, como se fosse o substituto deste que não chegou a nascer. As expectativas são outras, pois é outra vida que se fará presente, com outra personalidade e universo. Enfim, este não pode ser tratado como o que veio substituir a frustração da ausência do irmão.