Eu queria que ele(a) voltasse a ser a pessoa que eu conheci
05 jul 2018
Quando o relacionamento está passando por uma crise, é comum que as pessoas cheguem ao um consultório com esta demanda. Relatam o desentendimento e as angústias que estão passando e terminam e resumem tudo neste desejo: “eu queria que ele(a) voltasse a ser aquela pessoa que eu conheci”…
É uma demanda compreensível, mas impossível de acontecer. Aquela pessoa que você conheceu, daquele jeitinho, não existe mais e jamais voltará a existir.
E digo mais, se ele fosse “daquele jeitinho” você não iria gostar. Quando você o(a) conheceu, ele(a) era jovem e com a maturidade compatível com a idade que tinha. Se tinha 20 anos, por exemplo, a maturidade era de alguém de 20 anos (ou próximo disto). E hoje, se já estão juntos há mais 20 anos, com certeza você não iria querer aquela pessoa com a maturidade de 20 anos…
“Mas não é disto que estou falando… ele era mais atencioso, carinhoso, presente…”
Com o passar do tempo e com a convivência diária, isso muda sim. Não acontece somente com vocês, mas com a maioria dos casais. Os problemas diários que enfrentam, as responsabilidades cotidianas, as exigências e cuidados que filhos exigem e até mesmo a convivência, fazem com que isto aconteça. As pessoas não expressam mais com tanta ênfase aquilo que sentem. E também não sentem mais com aquela intensidade. Aquela paixão em que o coração acelerava na presença do outro, se transforma em algo mais tranquilo, e isto não significa que o amor acabou, significa que o amor mudou de estágio, tornando-se mais maduro. Outras coisas também se estruturam e preenchem este espaço da intensidade anteriormente vivida: cumplicidade, companheirismo, amizade e o próprio amor num estágio diferente.
Mas isto não significa uma justificativa e um “passaporte” para não serem gentis um com o outro e não terem momentos de cultivo da relação. É importante que o casal tenha momentos de casal, que tenham tempo para conversar de forma amena, assuntos não ligados ao seu dia a dia. Isto pode ser feito em casa, conversando só os dois, com uma ida ao cinema como faziam quando solteiros, ou irem a um restaurante ou barzinho. Enfim, qualquer atividade que caiba no orçamento. Se tiverem apertados financeiramente, que fiquem em casa, na varanda conversando sem pressa. Neste momento é fundamental que desliguem-se do celular e do whatsapp (queixa mais comum nos tempos atuais – o grande distanciador dos casais). Se não der para desligar mesmo, que compartilhem mensagens divertidas e riam juntos. É também uma forma de proximidade.
Enfim, tempo longo de relacionamento, não quer dizer morte de amor, mas para que isto não aconteça, é de fundamental importância reservar um tempo para o casal. Como tudo na vida, tem de haver um cuidado, um investimento, pois se gastar e não repuser (como na poupança), aí sim, o amor acaba! É o fim de uma história que por mais bonita que tenha sido, se desfaz…
Como diz a música dos Paralamas do Sucesso: “cuide bem do seu amor, seja quem for”.