A difícil tarefa de educar pelo exemplo

A difícil tarefa de educar pelo exemplo
30 nov 2016

Por mais que os pais se esforcem para ensinar boas maneiras aos filhos, pode acontecer de as crianças adotarem comportamentos indesejados. O mau comportamento do filho pode ter diversas explicações, ser fruto de carência causada por falta de atenção, ser proveniente de algo desagradável vivido pela criança na escola, entre outras muitas razões. Em considerável parte dos casos, porém, os filhos estão apenas repetindo atitudes dos pais, o que dificilmente é identificado por eles.

A criança aprende pelo exemplo

O que os pais precisam entender é que o exemplo dado por eles é muito mais impactante que seus discursos, já que o ser humano internaliza sua forma de agir a partir de sua percepção quanto à maneira com que agem as pessoas a sua volta. Se, irritado com o mal funcionamento de um eletrônico, o pai dá pancadas no aparelho diante do filho, é muito provável que a criança vá agir da mesma forma com seus brinquedos.

Ainda na fase de definir o que é certo e errado, as crianças enxergam os pais como seus parâmetros de comportamento, logo, as atitudes tomadas pelo pai e pela mãe funcionam como um recado, para que o filho esteja autorizado a fazer o mesmo, guardadas as devidas proporções.

Se o pai dá bronca na criança que quebrou um de seus brinquedos, mas continua agindo de maneira agressiva com seus aparelhos e bens, a ação frequente praticada diante do filho terá muito mais efeito que a bronca dada pelo pai. No entanto, é muito provável que o pai não entenda o que tem feito o filho tratar de tal forma os brinquedos. Nem sempre o pai vai estabelecer o elo entre a ação do filho e a sua, já que é difícil se lembrar de um ato que para o pai é tão irrelevante e feito em momentos tão específicos.

Uma atitude aparentemente simples pode causar impacto extremamente negativo para a criança, é o que acontece quando o pai ou a mãe pedem ao filho para atender ao telefone ou até mesmo a campainha e dizer que os pais não estão em casa. Neste caso, os pais acabaram de ensinar para a criança que é válido usar de uma mentirinha para escapar de uma situação.

A autocrítica é muito importante.

É fundamental que os pais avaliem seus próprios comportamentos, buscando neles respostas para as atitudes indesejadas dos filhos. Se os pais gritam com os filhos a todo momento, pode ser essa a explicação para o fato de o filho estar gritando com o irmão mais novo, com um primo ou com os coleguinhas da escola, já que aprendeu que, sempre que for irritado por alguém, a atitude comum é elevar o tom de voz. Não quer dizer, porém, que o pai não possa adotar tom de voz enérgico com a criança, o importante aqui é a frequência com que ocorre.

Se o pai é ansioso, e se irrita quando precisa aguardar a conclusão de uma tarefa, esse comportamento será absorvido pelo filho, que também se irritará em situações parecidas.

Comportamentos contraditórios.

Muitas vezes os pais adotam uma maneira de agir que serve como estímulo para que o filho se comporte mal. É o caso de quando o pai pede ao filho para confessar algo que fez e diante da confissão pune severamente a criança. A punição severa faz com que o filho tema fazer novas confissões, tema dizer a verdade quando um acidente ocorrer e algum objeto da casa for quebrado, por exemplo, já que é natural temer uma punição severa.
Nesse caso, o comportamento dos pais inibe o desejo da criança de dizer a verdade.

Quem fala a verdade não merece castigo?

A criança pode ser punida diante de sua confissão, mas a atitude do pai deve ser compreensiva e didática, explicando ao filho que o que ele fez foi errado, e que precisará passar por determinada punição afim de reparar o erro cometido. A criança precisa de fato entender que erros são passíveis de punição, mas que falar a verdade é a melhor saída.

Estabelecer tal elo de confiança com os filhos será fundamental principalmente quando a criança atingir a adolescência, e começar a viver de maneira cada vez mais independente, longe dos olhos dos pais.

O apoio da terapia de família

Quando os filhos têm tido atitudes indesejadas e os pais encontram dificuldades em reverter tal comportamento, é indicado o apoio da terapia de família. A terapia de família é uma modalidade nova e ainda pouco conhecida.
São sessões de terapia em que toda a família participa, cabendo ao terapeuta estimular o diálogo para que todos possam falar e serem ouvidos, entender o outro e serem entendidos. A visão externa trazida pelo terapeuta é um valioso ponto de vista para que a família enfim entenda o que está fora dos eixos. Com a terapia de família, os pais podem entender as causas do mau comportamento dos filhos, e com a ajuda do terapeuta, traçarão estratégias para reverter tais ações.

É fundamental que a família, sobretudo os pais, estejam empenhados e determinados, para que as estratégias traçadas nas sessões de terapia de família sejam aplicadas no dia a dia e devolvam a harmonia no convívio familiar.

A terapia de família não deve ser acionada apenas em casos extremos. Como todo tratamento, quanto antes iniciado, mais fácil é a resolução. Além disso, esperar que a situação atinja um ponto extremo não é benéfico para ninguém.

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Ana Carolina Morici
Ana Carolina Morici

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